terça-feira, 14 de abril de 2020

Pastorais Sociais emitem carta sobre fé e esperança diante do cenário de pandemia e crise política

A situação de milhares de pessoas no Brasil que vivem em situação de vulnerabilidade social, neste tempo de pandemia, tem sido mais difícil do que em tempos normais. Sem garantia de direitos, a população em situação de rua, os encarcerados, os migrantes e refugiados, os desempregados e as comunidades de periferias que necessitam de alimentação e produtos de higiene estão sem o básico do básico.
Diante dessa realidade, as pastorais sociais vinculadas à Comissão Episcopal Pastoral para Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiram uma carta de apoio diante desse momento em que o país está vivendo e chamam a atenção para a situação dos mais vulneráveis.
“O momento de crise pandêmica e política, os sentimentos de medo e incertezas nos assolam em meio ao evento ápice da fé cristã – tríduo pascal – sofrimento, morte e ressurreição de Jesus. E Jesus nos alerta: “se alguém me ama, guardará minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos a Ele e Nele faremos morada” (Jo 14, 23). As pastorais sociais são expressão máxima desse amor transbordado na cruz”, ressalta o documento.
A carta destaca ainda o trabalho de solidariedade dos religiosos, movimentos sociais, ONGs, voluntários e doadores que ajudam nesse momento a muitas pessoas sobreviverem.
“Na certeza de que devemos seguir cuidando uns dos/as outros/as, da nossa espiritualidade, sem perder a ternura e a firmeza que tempos difíceis exigem. Ações estratégicas e cuidadosas perpassam cada realidade de acordo a necessidade. Como nunca, precisamos fortalecer as ações conjuntas das pastorais sociais naquilo que for possível”.
O grupo finaliza o documento citando o poeta Henfil que diz: “nenhum de nós é tão bom quanto todos nós juntos”.
Leia a íntegra da carta: Carta das Pastorais Sociais e Parceiros

O Papa: olhar confiante mesmo para os acontecimentos mais difíceis da nossa vida

Hoje, segunda-feira do Anjo, ressoa o anúncio alegre da ressurreição de Cristo. Foi o que ressaltou o Papa no início da alocução que precedeu o Regina Caeli, a oração mariana que no período pascal substitui o Angelus, conduzida por Francisco ao meio-dia desta segunda-feira (13/04) na Biblioteca do Palácio Apostólico, no Vaticano.
A página evangélica (Mt 28,8-15) conta que as mulheres, com medo, abandonaram às pressas o sepulcro de Jesus, que encontraram vazio; mas Jesus mesmo lhes aparece dizendo: “Não tenhais medo. Ide anunciar aos meus irmãos que se dirijam para a Galileia. Lá eles me verão” (v. 10).
As mulheres, exemplo admirável de fidelidade a Cristo
Com essas palavras, disse o Santo Padre, o Ressuscitado confia às mulheres um mandato missionário em relação aos Apóstolos. Efetivamente, elas “deram um exemplo admirável de fidelidade, de dedicação e de amor a Cristo no tempo da sua vida pública bem como durante a sua paixão; “agora são premiadas por Ele com este gesto de atenção e de predileção”, observou, acrescentando: “As mulheres, sempre no início: Maria, no início; as mulheres, no início”.
Primeiro as mulheres, depois os discípulos e, em particular, Pedro constatam a realidade da ressurreição. Jesus lhes havia mais vezes preanunciado que, após a paixão e a cruz, ressuscitaria, mas os discípulos não tinham entendido, porque ainda não estavam prontos. A fé deles devia dar um salto de qualidade, que somente o Espírito Santo, dom do Ressuscitado, poderia provocar.
Dar a vida por Cristo
No início do livro dos Atos dos Apóstolos, prosseguiu o Papa, ouvimos Pedro declarar com franqueza, com coragem: “Este Jesus, Deus o ressuscitou e nós todos somos testemunhas” (At 2,32). Como dizendo: “Eu dou a vida por Ele. E depois dará a vida por Ele”.
E daquele momento o anúncio que Cristo ressuscitou se difundiu em todos os lugares e alcançou todos os cantos da terra, tornando-se a mensagem de esperança para todos.
Ressurreição: a última palavra não cabe à morte, mas à vida
“A ressurreição de Jesus nos diz que a última palavra não cabe à morte, mas à vida. Ressuscitando o Filho unigênito, Deus Pai manifestou em plenitude seu amor e a sua misericórdia para a humanidade de todos os tempos.” 
“Se Cristo ressuscitou, é possível olhar com confiança para todo evento da nossa existência, inclusive os mais difíceis e repletos de angústia e de incerteza”, disse o Pontífice. 
Por Raimundo de Lima e Silvonei José – Vatican News

DO LADO ABERTO DE JESUS JORROU ÁGUA E SANGUE

“Quando chegaram a Jesus, tendo visto que já estava morto, não lhe quebraram as pernas; mas um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança, e imediatamente saíram sangue e água”. (João 19,34)

Os grandes Santos Padres meditaram profundamente sobre este fato e nos deixaram profundos ensinamentos; além de nela encontrarem grande consolo. A carne do peito sagado do nosso Redentor foi rasgada pelo soldado Longuinho, mostrando-nos a imensa  misericórdia divina, e o amor de Cristo por nós.
A Igreja consagrou a devoção ao Coração de Jesus no culto divino, recomendado por grandes papas, como Leão XIII, Pio XI, Pio XII, Paulo VI. Esta devoção é uma adoração à Pessoa divina de Jesus, manso e humilde de coração. Assim como os olhos veem e os ouvidos ouvem, o coração ama. “E mesmo que a mãe esquecesse o filho, jamais vos esquecerei!” (Is 49,15).
A Igreja nos ensina que deste Coração aberto pela lança saiu sangue e água, símbolos do Batismo e da Eucaristia, da Igreja. Esposa de Cristo, que “nasce do lado aberto do novo Adão, como Eva nasceu do lado aberto do primeiro” (S. Ambrósio).
O sangue e a água que escorreram do lado transpassado de Jesus crucificado são tipos dos sacramentos da vida nova: desde então é possível “nascer da água e do Espírito” para entrar no Reino de Deus (Jo 3,5). Santo Ambrósio, que  batizou Santo Agostinho, dizia: “Vê, quando és batizado, donde vem o Batismo, se não da cruz de Cristo, da morte de Cristo. Lá está todo o mistério: Ele sofreu por ti.É nele que és redimido, é nele que és salvo e, por tua vez, te tornas salvador” (Santo Ambrósio,  Sacramentos 2,2,6).
Nas suas visões, Santa Margarida Maria Alacoque (1647-1690), ouviu Jesus lhe dizer: “Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou até Se esgotar e consumir para lhes testemunhar seu amor, e que, como retribuição, da maior parte só recebe ingratidões… Ao  menos tu, filha minha, chora pelos que me ofendem, geme pelos que não querem orar, imola-te pelos que renegam e blasfemam contra o meu santo nome”.
O pecado de cada homem e de toda a humanidade ferem a Majestade Infinita  de Deus; então, não bastava uma reparação de valor humano para reparar a Justiça Divina. Não havia um homem sequer que pudesse oferecer à Justiça Divina uma reparação suficiente, infinita. Então, o Filho de Deus se fez homem, se ofereceu para reparar diante dessa Justiça todo o pecado da humanidade. A Carta aos Hebreus explica isso: “Eis por que, ao entrar no mundo, Cristo diz: Não quiseste sacrifício nem oblação, mas me formaste um corpo. Holocaustos e sacrifícios pelo pecado não te agradam. Então eu disse: Eis que venho (porque é de mim que está escrito no rolo do livro), venho, ó Deus, para fazer a tua vontade (Sl 39,7ss).
Jesus assumiu sobre si, diante da Justiça divina, toda a culpa da humanidade, e ofereceu a Deus o valor infinito do Seu Sacrifício para que todos sejam perdoados. Por isso, no mesmo dia da Ressurreição, no domingo, instituiu o Sacramento da Confissão: “A quem vocês perdoarem os pecados, os pecados serão perdoados” (Jo 20,22ss). Com Sua morte e Ressurreição Ele nos arrancou dos braços do demônio e nos levou para o Reino de Deus.
Passando pelo sofrimento mais terrível que um homem pode passar (agonia mortal no Horto das Oliveiras, flagelação, coroação de espinhos, crucificação…) Jesus deu um sentido ao sofrimento que é fruto do pecado, e “fez do sofrimento matéria prima da salvação” (Michel Quoist). Agora, tem sentido sofrer na fé; pois todo sofrimento unido ao de Cristo é redentor da humanidade.
O cirurgião francês Piérre Barbet, estudou durante vinte e cinco anos, cientificamente, a Paixão de Cristo e a narrou no seu livro “A Paixão de Cristo segundo o cirurgião” (Ed. Cléofas), e ali ele mostra o sofrimento indescritível de Jesus. Ao narrar a crucificação de Jesus, Dr. Piérre, diz:
“Pode-se imaginar aquilo que Jesus deve ter provado; uma dor lancinante, agudíssima, que se difundiu pelos dedos, e espalhou-se pelos ombros, atingindo o cérebro. A dor mais insuportável que um homem pode provar, ou seja, aquela produzida pela lesão dos grandes troncos nervosos: provoca uma síncope e faz perder a consciência. Em Jesus não. O nervo é destruído só em parte: a lesão do tronco nervoso permanece em contato com o prego; quando o corpo for suspenso na cruz, o nervo se esticará fortemente como uma corda de violino esticada sobre a cravelha. A cada solavanco, a cada movimento, vibrará despertando dores dilacerantes. Um suplício que durará três horas.”
Tudo pela nossa salvação! ‘Amor só se paga com amor” (S. João da Cruz)

Prof. Felipe Aquino

sábado, 11 de abril de 2020

Vigília Pascal

Missa da Vigília Pascal celebrada pelo Papa Francisco


A Basílica de São Pedro recebeu a missa deste Sábado Santo (11) sem a presença dos fiéis e nem a celebração dos batismos, mas com uma atmosfera propícia para celebrar a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte. As mudanças do Departamento de Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice são referentes às medidas de restrição impostas pela pandemia do Covid-19. Confira a íntegra da homilia do Papa Francisco durante a Santa Missa.

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
MISSA da VIGÍLIA PASCAL
(Sábado Santo, 11 de abril de 2020)
«Terminado o sábado» (Mt 28, 1), as mulheres foram ao sepulcro. O Evangelho desta santa Vigília começa assim: com o sábado. Este é o dia do Tríduo Pascal que mais descuramos, ansiosos de passar da cruz de sexta-feira à aleluia de domingo. Este ano, porém, damo-nos conta, mais do que nunca, do sábado santo, o dia do grande silêncio; podemos rever-nos nos sentimentos que tinham as mulheres naquele dia. Como nós, tinham nos olhos o drama do sofrimento, duma tragédia inesperada, que se verificou demasiado rapidamente. Viram a morte e tinham a morte no coração. À amargura, juntou-se o medo: acabariam, também elas, como o Mestre? E depois os receios pelo futuro, carecido todo ele de ser reconstruído. A memória ferida, a esperança sufocada. Para elas, era a hora mais escura, como o é hoje para nós.
Contudo, nesta situação, as mulheres não se deixam paralisar. Não cedem às forças obscuras da lamentação e da lamúria, não se fecham no pessimismo, nem fogem da realidade. No sábado, realizam algo simples e extraordinário: nas suas casas, preparam os perfumes para o corpo de Jesus. Não renunciam ao amor: na escuridão do coração, acendem a misericórdia. Nossa Senhora, no sábado – dia que Lhe será dedicado –, reza e espera. No desafio da tristeza, confia no Senhor. Sem o saber, estas mulheres preparavam na escuridão daquele sábado «o romper do primeiro dia da semana» (Mt 28, 1), o dia que havia de mudar a história. Jesus, como semente na terra, estava para fazer germinar no mundo uma vida nova; e as mulheres, com a oração e o amor, ajudavam a esperança a desabrochar. Quantas pessoas, nos dias tristes que vivemos, fizeram e fazem como aquelas mulheres, semeando brotos de esperança com pequenos gestos de solicitude, de carinho, de oração!
Ao amanhecer, as mulheres vão ao sepulcro. Lá diz-lhes o anjo: «Não tenhais medo. Não está aqui; ressuscitou» (cf. Mt 28, 5-6). Diante dum túmulo, ouvem palavras de vida... E depois encontram Jesus, o autor da esperança, que confirma o anúncio dizendo-lhes: «Não temais» (28, 10). Não tenhais medo, não temais: eis o anúncio de esperança para nós, hoje. Tais são as palavras que Deus nos repete na noite que estamos a atravessar.
Nesta noite, conquistamos um direito fundamental, que não nos será tirado: o direito à esperança. É uma esperança nova, viva, que vem de Deus. Não é mero otimismo, não é uma palmada nas costas nem um encorajamento de circunstância. É um dom do Céu, que não podíamos obter por nós mesmos. Tudo correrá bem: repetimos com tenacidade nestas semanas, agarrando-nos à beleza da nossa humanidade e fazendo subir do coração palavras de encorajamento. Mas, à medida que os dias passam e os medos crescem, até a esperança mais audaz pode desvanecer. A esperança de Jesus é diferente. Coloca no coração a certeza de que Deus sabe transformar tudo em bem, pois até do túmulo faz sair a vida.
O túmulo é o lugar donde, quem entra, não sai. Mas Jesus saiu para nós, ressuscitou para nós, para trazer vida onde havia morte, para começar uma história nova no ponto onde fora colocada uma pedra em cima. Ele, que derrubou a pedra da entrada do túmulo, pode remover as rochas que fecham o coração. Por isso, não cedamos à resignação, não coloquemos uma pedra sobre a esperança. Podemos e devemos esperar, porque Deus é fiel. Não nos deixou sozinhos, visitou-nos: veio a cada uma das nossas situações, no sofrimento, na angústia, na morte. A sua luz iluminou a obscuridade do sepulcro: hoje quer alcançar os cantos mais escuros da vida. Minha irmã, meu irmão, ainda que no coração tenhas sepultado a esperança, não desistas! Deus é maior. A escuridão e a morte não têm a última palavra. Coragem! Com Deus, nada está perdido.
Coragem: é uma palavra que, nos Evangelhos, sai sempre da boca de Jesus. Só uma vez é pronunciada por outros, quando dizem a um mendigo: «Coragem, levanta-te que [Jesus] chama-te» (Mc 10, 49). É Ele, o Ressuscitado, que nos levanta a nós, mendigos. Se te sentes fraco e frágil no caminho, se cais, não tenhas medo; Deus estende-te a mão dizendo: «Coragem!» Entretanto poderias exclamar como padre Abbondio: «A coragem, não no-la podemos dar» (I promessi sposi, XXV). Não a podes dar a ti mesmo, mas podes recebê-la, como um presente. Basta abrir o coração na oração, basta levantar um pouco aquela pedra colocada à boca do coração, para deixar entrar a luz de Jesus. Basta convidá-Lo: «Vinde, Jesus, aos meus medos e dizei também a mim: coragem!» Convosco, Senhor, seremos provados; mas não turvados. E, seja qual for a tristeza que habite em nós, sentiremos o dever de esperar, porque convosco a cruz desagua na ressurreição, porque Vós estais connosco na escuridão das nossas noites: sois certeza nas nossas incertezas, Palavra nos nossos silêncios e nada poderá jamais roubar-nos o amor que nutris por nós.
Eis o anúncio pascal, anúncio de esperança. Este contém uma segunda parte, o envio. «Ide anunciar aos meus irmãos que partam para a Galileia» (Mt 28,10): diz Jesus. Ele «vai à vossa frente para a Galileia» (28, 7): diz o anjo. O Senhor precede-nos. É bom saber que caminha diante de nós, que visitou a nossa vida e a nossa morte para nos preceder na Galileia, isto é, no lugar que, para Ele e para os seus discípulos, lembrava a vida diária, a família, o trabalho. Jesus deseja que levemos a esperança lá, à vida de cada dia. Mas, para os discípulos, a Galileia era também o lugar das recordações, sobretudo da primeira chamada. Voltar à Galileia é lembrar-se de ter sido amado e chamado por Deus. Precisamos de retomar o caminho, lembrando-nos de que nascemos e renascemos a partir duma chamada gratuita de amor. Este é o ponto donde recomeçar sempre, sobretudo nas crises, nos tempos de provação.
Mais ainda. A Galileia era a região mais distante de Jerusalém, onde estavam. E não só geograficamente: a Galileia era o lugar mais distante do caráter sacro da Cidade Santa. Era uma região habitada por povos diferentes, que praticavam vários cultos: era a «Galileia dos gentios» (Mt 4, 15). Jesus envia para lá, pede para recomeçar de lá. Que nos diz isto? Que o anúncio da esperança não deve ficar confinado nos nossos recintos sagrados, mas ser levado a todos. Porque todos têm necessidade de ser encorajados e, se não o fizermos nós que tocamos com a mão «o Verbo da vida» (1 Jo 1, 1), quem o fará? Como é belo ser cristãos que consolam, que carregam os fardos dos outros, que encorajam: anunciadores de vida em tempo de morte! A cada Galileia, a cada região desta humanidade a que pertencemos e que nos pertence, porque todos somos irmãos e irmãs, levemos o cântico da vida! Façamos calar os gritos de morte: de guerras, basta! Pare a produção e o comércio das armas, porque é de pão que precisamos, não de metralhadoras. Cessem os abortos, que matam a vida inocente. Abram-se os corações daqueles que têm, para encher as mãos vazias de quem não dispõe do necessário.
No fim, as mulheres «estreitaram os pés» de Jesus (Mt 28, 9), aqueles pés que, para nos encontrar, haviam percorrido um longo caminho até entrar e sair do túmulo. Abraçaram os pés que espezinharam a morte e abriram o caminho da esperança. Hoje nós, peregrinos em busca de esperança, estreitamo-nos a Vós, Jesus ressuscitado. Voltamos as costas à morte e abrimos os corações para Vós, que sois a Vida.

Pastorais Sociais emitem carta sobre fé e esperança diante do cenário de pandemia e crise política

A situação de milhares de pessoas no Brasil que vivem em situação de vulnerabilidade social, neste tempo de pandemia, tem sido mais difíc...