sábado, 21 de julho de 2012

Censo: religião na PB

Dom Aldo Pagotto
Arcebispo da Paraíba
O IBGE divulgou os dados do Censo 2010 sobre religião na esfera nacional e estadual. Comparados os dados de 2000 com os de 2010 os católicos na Paraíba decresceram 0,9%, ou seja, 25.498 fiéis. Os evangélicos cresceram 88,3%. Passam de 303.151 para 571.015 fiéis. Os espíritas passaram de 12.499 para 23.175. Os que não se identificam com religião definida passam de 177.303 para 213.214. Adeptos do candomblé cresceram de 417 para 1.311. Evito emitir juízo temerário e me permito comentar em primeiro lugar sobre os que não se identificam com uma religião. Não se trata de ateus ou pessoas sem fé, porquanto muitas instituições caíram no descrédito, incluindo as de cunho religioso. Muitas pessoas vivem a fé do seu jeito, compõem suas crenças e valores e se comportam com esse acordo ético.
Em segundo lugar pergunto se a Igreja Católica, através de seus responsáveis (dentre os quais me incluo), fará sua autocrítica, deixando-se avaliar: por que os fiéis se afastam? Dentro da programação do 1º Sínodo da Igreja da Paraíba (até 2014) realizamos uma pesquisa de campo. Dentre as 50 perguntas constava: por que você se afastou da Igreja, ou seja, por que deixou de ser católico? Entre outros motivos prevaleceu o fator acolhimento e convívio comunitário que as pessoas encontraram junto a outras denominações cristãs. Muitas encontraram na Palavra de Deus o valor mais importante que transformou as suas vidas. É necessário que nós, corresponsáveis pela missão evangelizadora da Igreja, avaliemos a qualidade do serviço que estamos oferecendo à população, servindo-nos de indicativos seguros.
O primeiro critério é o modo como fazemos para que a Palavra de Deus chegue na vida e no coração do povo, sobretudo pelo testemunho dos valores cristãos junto às pessoas e ambientes necessitados de experimentar o amor de Deus. Na sociedade de consumo as pessoas são substituídas pelas coisas, pelo dinheiro, pelo poder, pelo prazer. Nesse tipo de relação desumana, desagregadora, os valores presentes no Evangelho de Jesus têm pouca ou nenhuma importância. As referências da sociedade atual prescindem da fé. Na família, igreja doméstica, os valores humanitários e cristãos raramente são transmitidos pelos pais e responsáveis pela formação das novas gerações. Hoje “fé na vida” identifica-se com a busca da própria realização, da felicidade e bem-estar pessoal. Basta a felicidade, o bem-estar natural. Voltemos à questão: os desafios que a Igreja deve enfrentar para evangelizar: testemunhar a fé e as obras que nascem da fé, numa sociedade secularizada, fria e indiferente a tudo isso. (continua em próximo artigo)

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