Dom Aldo Pagotto Arcebispo da Paraíba |
Em segundo lugar pergunto se a Igreja Católica, através de seus responsáveis (dentre os quais me incluo), fará sua autocrítica, deixando-se avaliar: por que os fiéis se afastam? Dentro da programação do 1º Sínodo da Igreja da Paraíba (até 2014) realizamos uma pesquisa de campo. Dentre as 50 perguntas constava: por que você se afastou da Igreja, ou seja, por que deixou de ser católico? Entre outros motivos prevaleceu o fator acolhimento e convívio comunitário que as pessoas encontraram junto a outras denominações cristãs. Muitas encontraram na Palavra de Deus o valor mais importante que transformou as suas vidas. É necessário que nós, corresponsáveis pela missão evangelizadora da Igreja, avaliemos a qualidade do serviço que estamos oferecendo à população, servindo-nos de indicativos seguros.
O primeiro critério é o modo como fazemos para que a Palavra de Deus chegue na vida e no coração do povo, sobretudo pelo testemunho dos valores cristãos junto às pessoas e ambientes necessitados de experimentar o amor de Deus. Na sociedade de consumo as pessoas são substituídas pelas coisas, pelo dinheiro, pelo poder, pelo prazer. Nesse tipo de relação desumana, desagregadora, os valores presentes no Evangelho de Jesus têm pouca ou nenhuma importância. As referências da sociedade atual prescindem da fé. Na família, igreja doméstica, os valores humanitários e cristãos raramente são transmitidos pelos pais e responsáveis pela formação das novas gerações. Hoje “fé na vida” identifica-se com a busca da própria realização, da felicidade e bem-estar pessoal. Basta a felicidade, o bem-estar natural. Voltemos à questão: os desafios que a Igreja deve enfrentar para evangelizar: testemunhar a fé e as obras que nascem da fé, numa sociedade secularizada, fria e indiferente a tudo isso. (continua em próximo artigo)
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